Eu lembro de receber essa poesia por e-mail. Lembro de receber uma poesia por semana, no minimo. E lembro de entender apenas uma combinacao logica e vaga de sentidos. De ler e imaginar a boca dele, abrindo e fechando, falando aquelas palavras que eu ja conhecia tao bem e esperava ouvir a qualquer momento. Eu lembro de conhecer ele tao bem, mais que qualquer outra pessoa.
E nao 'e que por uma coincidencia muito boa, eu vim cair aqui, nesse agora tao imperativo - vim ler essa poesia manjada que o tempo transformou em obra prima. Se nao for pra tanto, talvez so em uma surpresa pra mim. Um excelente exercicio com as palavras. Tava tao dificil explicar o que eu tava sentindo aqui, esses dias. E, provavelmente, isso 'e o que ele estava sentindo naqueles dias loucos no Rio, naqueles dias quentes, tumultuados, de quem vive longe e sente muita saudade.
Eu lia essa poesia vendo um lamento prematuro, uma saudade do futuro que o Manata costumava ter. Eu amava aquele menino tanto! So hoje fui entender o que ele estava dizendo. Foi como bater um papo. Fiquei mais amigo dele, matei as saudades. Entendi de verdade. Do jeito que depois de ler so cabe um silencio satisfeito, feito depois do almoco. Barriga cheia. Prato vazio.
É talvez não sejamos nós...
É, talvez não sejamos nós aqueles que vão mudar o mundo
Nós mudamos apenas as quartas feiras
Que sejam eternas então
Pois é assim que vamos
indo
Na base de algumas lembranças queridas
Deixem-nos matar um moinho a cada dia
E ficar pensando em cachoeiras passadas
Pra não esquecer da beleza que passou
Formando algumas que virão
Ainda mais fortes.
É, talvez não sejamos nós que vamos mudar o mundo
Mudamos nós mesmos
E vamos-nos formando artistas
Ou loucos
Como se deve ser
Bruno Manata - Rio de Janeiro 24/4/07
Monday, November 10, 2008
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4 comments:
Recebi dois recados esses dias que foram muito bons de ler e que me ajudaram a passar a semana. Me ajudaram a entender o que esta acontencendo comigo.
A Lygia citou Clarice Lispector em carta para Fernando Sabino: "você está escrevendo bem, com calma, estilo seguro, sem precipitação. Talvez porque agora você já não esteja sofrendo muito, mas sofrendo bem: é uma diferença bem importante (...). A gente sofre muito: o que é preciso é sofrer bem, com discernimento, com classe, com serenidade de quem já é iniciado no sofirmento. Não para tirar dele uma compensação, mas um reflexo."
e a Claudia disse, com as palavras incriveis que so ela tem: “joão que viagem esse tal de intercambio né. Minha cabeça não consegue processar isso direito. Não está nem na categoria de 'adeus para sempre' nem a de 'viajei e já estou voltando'. A forma que meu corpo traduz isso é que você vive numa esfera onipresente e virtual; como se tivesse pedido altas do mundo de cá, mas ainda estivesse vendo e acompanhando tudo bem de perto. É como se você andando nas suas ruas daí carregasse tudo daqui numa bolsa que dá para abrir.”
Haha.. Acho q a Claudia ta meio confusa e achando q vc ta morando dentro do computador dela..
To com saudade filhinho. nem sei pra que falar isso mais né!
To te achando meio tristinho mas imagino que aí ainda esteja mto bom né nao? Vc ta trabalhando? Me conte tudo!
bjinho no nariz
poesia é coisa boa que se lê e encaixa dentro da gente. essas palavras - suas e do seu amigo de saudade - me parecem assim tão ideais para algumas coisas minhas de hoje. foram boas pra mim...olha você me ajudando daí.
queria pegar essas palavras, colar para outras pessoas que estão num barco trepidante comigo, ver se dá ajuda pra lá também. posso, João?
emocionante esse post
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